Procuro resgatar a história do grande político e médico Dr. Francisco Fernandes, que muito contribuiu para o desenvolvimento de Guanambi. Aqui chegou em, torno de 1915, recém formado em medicina, começando a exercer sua função de médico nessa cidade. Casou-se com a senhora Maria Clara e, deste casamento não teve filhos.
Por herança familiar herdou a fazenda Belém, hoje atual São Joaquim. Logo cedo começou a participar da política local, dando a sua contribuição para a emancipação de Guanambi, que ocorreu em 1919. Na década de 20 discordou da política do Coronel Balbino e seus aliados João Araujo e Alípio Araujo, fazendo oposição a esse grupo político, em conjunto com o Dr. Mário Teixeira. Criando assim, dois grupos políticos de Guanambi, os caititus de Dr. Fernandes e Dr. Mário e os morcegos de Coronel Balbino Cajaiba, João Araujo e Alípio Carlos. Em 1924, com a saída do Governador baiano J. J. Seabra do poder e com a entrada do novo Governador Goes Calmon, perderam o poder político, em Guanambi, o grupo dos morcegos. João Araujo e Alípio Carlos retiraram-se da política desse município, deslocando-se para Monte Alto. Dr. Fernandes e Dr. Mário assumiram o poder neste município. Em 1930, os irmãos José Bastos (Dr. Juca) e Nelson Bastos reorganizaram o grupo político dos morcegos continuando assim, o confronto político com os caititus de Dr. Fernandes.
Em 1934, Dr. Fernandes foi eleito deputado estadual no mesmo grupo político do então governador da Bahia Juraci Magalhães. Em 1937, com a implantação do Estado Novo foram suspensas as eleições para deputado, governador e presidente. Com a abertura política, em 1946, em Guanambi como em todo o Brasil foram organizados os novos partidos políticos. Dr. Fernandes criou a UDN, e o outro grupo político composto por Dr. Juca, Pedro Moraes e Dr. Gercino Coelho, o PSD. Nas eleições de 1946, Guanambi e região conseguiram eleger dois deputados estaduais: Dr. Fernandes pela UDN e Dr. Gercino Coelho pelo PSD. Em 1950, Dr. Fernandes candidatou-se novamente a deputado estadual, não conseguindo a reeleição.
Em 1954, houve acordo político entre o Senhor Pedro Moraes que deixou o grupo de Dr. Juca e aliou-se com Dr. Fernandes.
Em 1958, Dr. Fernandes que, politicamente, sempre seguia a orientação do ex-governador e candidato Juraci Magalhães não o apoiou, preferindo ser leal a seu amigo de grupo Pedro Moraes e ao deputado federal Manoel Novaes. Nessa eleição apoiou o candidato a governador do estado da Bahia o Dr. José Pedrosa, que disputou a política com Juraci Magalhães. O grupo político de Dr. Juca apoiou Juraci Magalhães, que foi eleito governador. Esta foi a ultima eleição que esse grande líder, Dr. Francisco Fernandes, participou. Dr. Fernandes, com sua influência política, solicitou junto ao governador a criação do Grupo Escolar Getúlio Vargas. Através da associação dos amigos de Guanambi colaborou para a manutenção do colégio Ginásio de Guanambi, criado pelo médico Dr. Laert Ribeiro. Através dessa mesma associação, por intermédio do Deputado Manoel Novaes conseguiu liberação de recursos junto à SUVALE atual CODEVASF para a construção do hospital de Guanambi, hoje POLIMEG.
Na construção da barragem de Ceraima teve grande influência, incentivando Dr. Benjamim Vieira, pertencente a seu grupo político a tomar frente desse grande projeto, pois politicamente estava impedido de fazer pessoalmente para não desagradar seus aliados políticos do distrito de Ceraima. Usou sua influência com o deputado Manoel Novaes para conduzir e liberar recursos na capital federal.
Dr. Fernandes veio a falecer em 13.10.1960. Em sua homenagem foi denominado o seu nome em uma rua dessa cidade e em um colégio estadual, hoje anexado ao Colégio Idalice Nunes. Restando, atualmente, apenas uma rua com seu nome. Percebe-se que é muito pouco pelo que representou para Guanambi a figura do político e médico Dr. Francisco José Fernandes. Esperamos que o poder executivo e legislativo, futuramente, preste homenagem a esse grande político, que tanto fez por Guanambi, colocando o seu nome em uma das obras, que venha a ser construída nesse município.
Por: Historiador José Bonifácio Teixeira especial para O POPULAR.
Foto: Davi Oliveira (arquivo pessoal)