Se eleitores dão recado e urnas não mentem, o Brasil que pensa e produz, que não se move debaixo de vara, que não admite cabresto, que não nega os fatos e a realidade, que não semeia vento e detesta tempestade, que não rouba nem se vangloria de não roubar, que conhece mais que dois caminhos, que não limita a vida e a visão de mundo a extremos, parece ter gritado, em alto e bom som, que… chega!
O Brasil parece estar abandonando a rinha insuportável gestada pelo lulopetismo, mas parida pelo extremismo de direita encarnado no amigão do Queiroz. A política tradicional, chamada de velha política, venceu a bizarrice e o ineditismo de neófitos voluntaristas, movidos a bílis e alçados a “gente” por lunáticos sem eira nem beira. Ao que parece - tomara! - foi-se o tempo das Joices e Frotas. Dos mitos e dos pais e mães dos pobres.
É muito cedo para comemorar? Não, não é. Ainda que não seja um movimento definitivo ou mesmo uma tendência já estabelecida para daqui dois anos, não deixa de ser um alento e tanto o resultado destas eleições. Há poucos meses, Bolsonaro parecia um cabo eleitoral imbatível, e o petismo (e sua linha auxiliar, PSOL) disputava, com grandes chances de vitória, diversas capitais País afora. Perdeu em todas, repito.
Enquanto os partidos de centro - não confundir com o centrão - têm muito a comemorar, os extremos, à esquerda e à direita, irão passar os próximos dias como cachorro que caiu do caminhão de mudança. Irão lamber suas feridas e tentar encontrar algum rumo para daqui em diante. Ocorre que não sabem. Essa gente não tem ideias e projetos, apenas vive da guerra ideológica e das falsas premissas que repetem, por aí, há anos e anos.
O que irão propor Lula, Boulos, Manuela e outros da espécie senão o velho conflito entre Capital e Trabalho; ricos e pobres; pretos e brancos? O que irão propor Bolsonaro e sua grei senão a guerra santa contra o comunismo, o marxismo cultural, a China e blá blá blá? É uma turma sem miolos, sem cultura, sem planos, sem estratégias, sem nada. Oportunistas à espera de um fato que lhes leve à vitória eleitoral.
O sinal é claro e muito bom, sim. Mas é deveras importante que os partidos vencedores definam uma caminhada, senão conjunta, ao menos próxima. Bem próxima. Não espero uma união das forças de centro em torno de um candidato em 22, mas espero, sim, uma união em torno de candidaturas que rejeitem claramente figuras como Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Lula. Chega de ódio e divisão. Chega de embusteiros!
Que estes partidos construam planos e projetos reais e factíveis. Que saibam comunicar tais propostas à sociedade, de forma direta e verdadeira. Que abandonem a política barata e o populismo rasteiro. O futuro exigirá muita transparência e muita honestidade intelectual. O brasileiro estará farto de falsos Messias e falsas promessas. Esse é o caminho para as forças de centro vencerem as eleições de 2022.
FONTE: ESTADO DE MINAS- FOTO: VEJA.COM