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SÉRGIO MORO SE FILIA AO "PODEMOS" E DIZ QUE QUER RECONSTRUIR O PAÍS

Política

Terça-Feira, 16 de Novembro de 2021

Em um evento com alusão à Operação Lava Jato, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro assinou filiação ao Podemos. Sem admitir diretamente a candidatura à Presidência da República nas eleições de 2022, ele usou tom de candidato e disse que seu nome “está à disposição” do povo brasileiro. Moro apresentou um discurso semelhante a um plano de governo, o qual chamou de “projeto de país” e fez falas sobre os seus planos políticos.



Durante quase uma hora, Moro falou em investir na educação, saúde e segurança, combate ao desemprego, apoio à agenda ambiental contra o desmatamento e queimadas ilegais, combate à inflação, e erradicação da pobreza para, segundo ele, “acabar de vez com a miséria”.



“Eu não tenho uma carreira política e não sou treinado na eloquência política. Mas se eventualmente não sou a melhor pessoa para discursar, posso assegurar que sou alguém que vocês podem confiar”, pediu o ex-juiz. Ele acrescentou que o Brasil “não precisa de líderes com voz bonita. O Brasil precisa de líderes que ouçam e atendam a voz do povo brasileiro”.



“Queremos construir juntos esse projeto, ouvindo as ideias de todos. Não é só um projeto para construir o combate à corrupção, embora isso seja importante. É um projeto para reconstruir o país e todos os nossos sonhos perdidos. Não há espaço para o medo, não há espaço para reações agressivas, mas também não há espaço para timidez”, disse, em demonstração à entrada na vida política.



Em partes do discurso, Moro focou em criticar governos anteriores e o atual, comandando pelo presidente Jair Bolsonaro. Sem citar nomes, ele declarou que "chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha. Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar a população".



Ao lembrar o trabalho como juiz federal, ele disse que o propósito era “ser justo com todos”. “Quebramos a impunidade da grande corrupção de uma forma e com números sem precedentes. Julgamos e condenamos pessoas poderosas no mundo da política e do negócios que, pela primeira vez, pagaram pelos seus crimes”, afirmou. Ressaltou, porém, que hoje observa os “avanços no combate à corrupção perderam força” e tiveram ferramentas enfraquecidas, deixando uma “sensação amarga de que a lei não existe”.



Sergio Moro ainda detalhou, na avaliação dele, o período que comandou o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro. “Ninguém combateu o crime organizado de forma mais vigorosa do que o Ministério da Justiça durante a minha gestão. Até quem não gosta de mim reconhece isso”, frisou. Disse que deixou o cargo quando viu um boicote. “Quando eu vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrupção, continuar como ministro seria apenas uma farsa. Não existe nenhum cargo que valha a alma de uma pessoa”, defendeu.



No evento, um vídeo institucional apresentado traz o ex-juiz como “Sergio, o Moro”. As imagens mostram o ex-ministro caminhando na Praça dos Três Poderes, em Brasília, que fica entre o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda, números de ações reunidas pela Lava Jato.



A filiação de Moro ao Podemos foi confirmada em 1º de novembro. Ao compartilhar o convite do evento no Twitter, o ex-juiz afirmou a marca de “um Brasil justo para todos”. Desde então, tem feito uma contagem regressiva na mesma rede social. Além disso, adotou tom de campanha em publicações que destacam a necessidade de ter responsabilidade fiscal, discurso contra a impunidade e críticas às emendas de relator, conhecidas como “orçamento secreto” ou “paralelo”.



Disposto a ser o candidato da terceira via nas eleições de 2022, Moro é o terceiro colocado na corrida presencial, com 5,1% das intenções de voto segundo pesquisa DATATEMPO divulgada nesta quarta. Ele fica atrás do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ex-presidente Lula (PT), os dois candidatos que pretende desbancar para chegar ao Palácio do Planalto.




Antes do discurso do ex-ministro, outras falas confirmaram as bandeiras que serão adotadas na campanha de Moro no próximo ano, caso seja confirmado candidato. O líder do Podemos no Senado, senador Alvaro Dias (PR), foi único que disse claramente que deseja “Sergio Moro presidente do país”. Ele disse que o ex-juiz é “convocado” pelo Brasil a rejeitar o ódio e radicalismos e para tornar os mecanismos da Lava Jato uma política permanente. Alvaro Dias afastou, ainda, as insinuações de que Moro agiu com interesses políticos ao atuar na Justiça.



“Não venham dizer que Sergio Moro julgou por interesse político. [Ele] julgou pelo Brasil, pela democracia, pelo país. Julgou e condenou aqueles que roubaram, não apenas os recursos públicos, mas os sonhos e esperanças de vida melhor dos brasileiros. E não digam que [Moro] vem agora para a política para se proteger dessa conspiração dos arautos da corrupção. Vem porque é convocado, porque é preciso vir, porque tem coragem. Vem para institucionalizar a Operação Lava Jato como uma política de Estado permanente de combate à corrupção”, afirmou.



Também com foco no combate à corrupção, a presidente nacional do Podemos, deputada federal Renata Abreu (SP), afirmou ainda que o Brasil precisa de “um líder que combata com determinação o tráfico de drogas que tem destruído famílias”, em clara referência a Moro. Se dizendo emocionada, ela não economizou nos elogios ao ex-juiz.



“Um homem com coragem, com determinação. Que teve coragem de enfrentar os sistema que quem está na política, sabe o quando é difícil. Teve coragem de largar sua profissão para lutar pelo sonho de colocar o combate à corrupção como uma política pública. Teve os princípios de não trocar seus princípios por cargo nenhum”, concluiu.



O ato de filiação reuniu cerca de 500 pessoas no auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Entre deputados, senadores e prefeitos, esteve presente o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta. Também, apoiadores que, a todo momento, entoaram palavras de apoio a Moro, como “Brasil pra frente, Moro presidente”.


FONTE; REVISTA EXAME E G1


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