No sertão da Bahia e no Norte de Minas Gerais, regiões marcadas pela tradição da caça, ainda é comum encontrar caçadores que abatem e consomem o tatu, animal típico do cerrado e da caatinga. Essa prática, passada de geração em geração, resiste ao tempo e às orientações médicas. No entanto, especialistas alertam que o consumo da carne de tatu representa sérios riscos à saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, o tatu é apontado como um transmissor natural da hanseníase (também conhecida como lepra), doença infecciosa que pode causar lesões na pele e danos aos nervos, se não for tratada precocemente. Além da hanseníase, há risco de transmissão de outras zoonoses — doenças que passam dos animais para o ser humano.
Mesmo assim, em comunidades rurais, sobretudo em áreas mais isoladas, muitos continuam a consumir o tatu, seja por costume ou pela dificuldade de acesso a outras fontes de proteína. “Aqui é tradição. Meu avô já caçava tatu e a gente aprendeu assim”, conta um morador que preferiu não se identificar.
As autoridades de saúde, por sua vez, recomendam abolir de vez essa prática. Segundo nota do Ministério da Saúde, é fundamental que a população rural e tradicional busque alternativas mais seguras e evite o contato direto e o consumo da carne do tatu.
Além do risco à saúde, há também a questão ambiental: o tatu tem um papel importante no equilíbrio ecológico, ajudando na aeração do solo e no controle de insetos.
A tradição é parte da identidade cultural do sertão, mas é preciso refletir sobre seus perigos e buscar caminhos que preservem a saúde sem abrir mão da história e da cultura locais.
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