Por Davi Valadares
O reajuste nos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras na última semana deve começar a atingir a população baiana nos próximos dias. Entidade que representa os caminhoneiros na Bahia, por exemplo, projeta que o aumento do diesel (6,4% no caso do diesel S10 e 6,5% no S500) deve deixar o frete mais caro, elevando também o preço dos produtos nos supermercados de toda Bahia.
“Com esse aumento [12º reajuste de combustível no estado, só este ano] o frete deve ficar 25% mais caro na Bahia. Hoje nós estamos abastecendo com o diesel de quase R$ 8. Pagando este preço estamos deixando metade do valor do frete na bomba. Antes o combustível consumia 35% do valor do frete. Hoje o consumo é de 50%”, disse ao justificar o aumento do frete o diretor do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado da Bahia (Sindicam-BA), Luciano Oliva.
O economista Antonio Carvalho explica que o custo maior do frete será inevitavelmente embutido nos produtos que são vendidos direto ao consumidor ou como matérias-primas de outras indústrias e cadeias. Ele cita como exemplos o trigo para a panificação, os grãos para a ração animal, as oleaginosas para produção dos óleos e azeites, o minério de ferro para as indústrias automotivas e de eletrônicos, os insumos da indústria farmacêutica e o algodão para a indústria de vestuários.
“Sempre que há aumento dos preços dos combustíveis, a sofrida população brasileira já pode esperar um aumento generalizado dos preços de praticamente todos os produtos comercializados no país. Utilizando o setor agropecuário como exemplo, o trator que ara (prepara) a terra, o caminhão que transporta as sementes, os fertilizantes e defensivos e depois transporta o grão, a fruta, a verdura, utiliza diesel e, consequentemente, estes serviços de preparo da terra e de transporte (o frete) ficam mais caros”, avaliou.
Dados da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) mostram que há na Bahia 24.041 Transportadores Autônomos de Carga (TAC) ativos e em todo Brasil mais de 865 mil caminhoneiros autônomo que estão tendo que conviver com os altos custos do combustível, manutenção e regularização. “Convidei os empresários para uma reunião de caráter emergencial para tratar sobre os aumentos constantes do diesel e que têm impactado no nosso dia a dia e em nossa rentabilidade”, finalizou o porta-voz dos caminhoneiros baianos, que não descartou a possibilidade de uma greve da categoria.
Mudança
Diante da ameaça de greve dos caminhoneiros e da pressão do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e da Câmara, Arthur Lira (PP), pelo aumento dos combustíveis, o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, anunciou ontem (20) a renúncia do cargo. Ele foi o terceiro executivo a comandar a Petrobras na gestão Bolsonaro. Fernando Borges, diretor executivo de Exploração e Produção da Petrobras, foi nomeado pelo Conselho de Administração como novo presidente interino até a eleição e posse do novo comandante da empresa.